Programa de capacitação visa aquecer o mercado local, além de estabelecer relação comercial internacional das empresas locais com a exportação de seus produtos a diversos países
Os tempos de crise em que vivemos abriram uma ferida no setor econômico que ainda vai levar tempo para cicatrizar. A necessidade de nos isolarmos no momento de pico da transmissão da covid-19 tornou mais explícito do que nunca um abismo de privilégios que de certo modo, existe desde o surgimento da sociedade brasileira. A vida de quem podia se dar ao luxo de parar suas atividades para se isolar em casa era muito diferente de quem não podia. O sistema econômico não havia sido pensado para ter a possibilidade de parar sem causar enormes danos.
A pandemia caiu como uma bomba no colo de quem trabalha com setores específicos; os ditos serviços essenciais dificilmente ofereciam margens seguras para os funcionários não se exporem ao risco de contrair a covid-19. Por conta disso, as dinâmicas do mercado foram alteradas. O isolamento necessário fez com que os serviços online aumentassem exponencialmente. Um levantamento feito pelo Sebrae na última semana de agosto mostrou que as vendas online continuam em alta entre as micro e pequenas empresas que têm utilizado canais digitais, como as redes sociais, aplicativos ou internet como plataformas para comercialização de produtos e serviços. Enquanto no levantamento feito no fim de maio, 59% das empresas utilizavam esses canais, atualmente esse percentual chega a 67%. Entre os empresários ouvidos, 16% passaram a vender por meio de ferramentas digitais a partir da chegada do coronavírus ao país. Em contrapartida, para os autônomos e informais, que dependem inteiramente de trabalho presencial, alguns dias de lockdown poderiam significar ter comida na mesa ou não, já que o irrisório auxílio emergencial veio acompanhado de uma alta no preço de alguns alimentos e novas demandas de produtos.
Para empreendedores e microempreendedores de setores diversos a situação significou diminuição brusca de renda, apesar disso, este ramo não perdeu participação no Brasil, sendo percebido o oposto: o surgimento de novos empreendimentos na tentativa de complementar a renda e driblar a crise. Nos nove primeiros meses deste ano, o número de microempreendedores individuais (MEIs) no país cresceu 14,8%, na comparação com o mesmo período do ano passado, chegando a 10,9 milhões de registros. Foram 1.15 milhões de novas formalizações entre o fim de Fevereiro, pouco antes do início da pandemia, até o fim de Setembro, segundo dados do Portal do Empreendedor, do governo federal. Somados às mais de 7,5 milhões de micro e pequenas empresas, esse setor representa 99% dos negócios privados e 30% do PIB do país.
Além disso, a pandemia gerou forte impacto nos fluxos de comércio internacional. O funcionamento da indústria foi paralisado ou desacelerado e o consumo foi reduzido por conta das restrições de circulação e aglomeração. Antes da pandemia, o Brasil ainda se encontrava em estado de recuperação da crise econômica dos últimos anos, que alavancou os números do desemprego para patamares preocupantes. O PIB brasileiro cresceu 1,1% em 2019, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Foi o desempenho mais fraco em três anos. Em valores correntes, o PIB de 2019 totalizou R$ 7,3 trilhões. No ano passado as exportações somaram US$ 225 bilhões, uma queda de 5,8% em relação ao ano anterior (2018), que registrou US$ 239 bilhões. Já as importações somaram US$ 177 bilhões, uma queda de 2,1% sobre as compras internacionais em 2018.
Em Janeiro de 2020 as exportações brasileiras foram 20% inferiores a 2019. Em Fevereiro ocorreu uma redução dessa diferença, e em Março o valor exportado se tornou 5,4% maior que o exportado neste mês em 2019. A crise causada pela pandemia fez com que as exportações brasileiras se tornassem novamente inferiores a 2019 em Abril (-8,4%), e esse quadro se aprofundou em Maio (-14,2%). Em Junho, embora o valor exportado tenha continuado 2,7% inferior a 2019, já se pôde observar uma redução dessa diferença de valores. Segundo pesquisadores da Rede de Pesquisa Solidária, dentre os produtos de alta complexidade exportados pelo Brasil em 2019, os principais são carros, veículos de grande porte para construção e turbinas a gás, que responderam por cerca de 3,6% das exportações brasileiras em 2019. Quanto aos produtos de baixa complexidade, petróleo cru, minério de ferro e milho, são os mais exportados, representando cerca de 24% das exportações brasileiras em 2019. Para os produtos de baixa complexidade, somente em Janeiro e Maio as exportações de 2020 foram inferiores às de 2019, o que ressalta o bom desempenho das exportações desses bens durante os primeiros seis meses deste ano, apesar da pandemia.
Já para os produtos de alta complexidade, os pesquisadores apontam que em todo o primeiro semestre de 2020 as exportações foram inferiores às de 2019, o que indica a piora desse setor. A queda observada nos meses de Abril e Maio foi particularmente impressionante: nesses meses as exportações brasileiras de bens de alta complexidade foram 44,3% e 44,8% inferiores aos mesmos meses de 2019, respectivamente. Além disso, a recuperação em Junho foi também modesta, ficando ainda as exportações desses bens 33,7% menores do que no ano anterior.
Os impactos do coronavírus não pararam por aí, o Fundo Monetário Internacional previu queda de 9,1% para o PIB do Brasil em 2020. Além disso, o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) prevê que a desaceleração do comércio internacional provocada pela pandemia vai causar uma retração das exportações brasileiras entre 11% e 20% em 2020, levando as vendas do país para patamar inferior a US$ 200 bilhões. Os pesquisadores da Rede de Pesquisa Solidária ressaltaram que a pandemia teve um impacto negativo sobre as exportações de bens de alta complexidade, que já vinham caindo nos últimos anos. Vários estudos indicam que a redução da produção competitiva de bens de alta complexidade, caso se torne permanente, vai gerar efeitos negativos sobre a taxa de crescimento do PIB per capita brasileiro, sobre o nível de desigualdade de renda e sobre a intensidade de emissões de gases de efeito estufa. Os autores da pesquisa destacaram que é fundamental que as autoridades públicas elaborem e executem políticas voltadas para reverter os efeitos da pandemia sobre a produção de bens de alta complexidade, exatamente para evitar uma forte regressão na produtividade e na competitividade do país.
Entre as iniciativas pensadas para resolver o problema, mas que já tem atuação mesmo antes da pandemia, destaca-se o Programa de Qualificação para Exportação (PEIEX), promovido pela Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil), entidade que trabalha para promover e expandir as exportações dos produtos e serviços do Brasil, contribuindo para a internacionalização das empresas brasileiras e atrair investimentos estrangeiros para o país. O PEIEX tem o intuito de preparar as empresas brasileiras para iniciar o processo de exportação de forma planejada e segura. O Programa é implementado em todas as regiões do país, por meio de parcerias da Apex-Brasil com instituições locais de ensino e pesquisa, como Universidades, Parques Tecnológicos ou Fundações de Amparo à Pesquisa, além de Federações de Indústria e atualmente possui 33 Núcleos ativos.
A inauguração de um núcleo do PEIEX no Piauí aconteceu no dia 30 de janeiro de 2020, realizado no auditório da Federação das Indústrias do Estado do Piauí (FIEPI), em Teresina. O programa está sendo executado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Piauí (FAPEPI), com o primeiro ciclo encerrado em dezembro de 2021 e teve como meta qualificar 50 empresas piauienses e prepará-las para comercializarem seus produtos e serviços de forma planejada e segura, com orientação de profissionais especialistas em Comércio Exterior. A prioridade é atender empresas dos setores de alimentos e bebidas, confecção e artesanato. Mas, no decorrer da execução do programa, outros setores estratégicos foram incorporados. Além da capital do estado, o Núcleo de Teresina vai capacitar empresas da região metropolitana de Teresina, com possibilidade de expansão para as cidades do polo de Bom Jesus, Campo Maior, Floriano, Parnaíba e Picos. Das 50 empresas previstas, 28 já estão qualificadas.
“O programa PEIEX, feito em parceria com a Apex-Brasil e a Fundação de Amparo à Pesquisa no Piauí permitiu a capacitação de 28 empresas do Piauí no ano de 2020, referente à sua capacidade de exportação, dessa forma esse programa permitirá que essas empresas tenham capacidade operacional para exportar do Piauí para outras partes do mundo. Esperamos que em 2021, 50 empresas sejam atendidas pelo programa, o que permitirá o destaque do estado do Piauí em vários países”, comenta Ciro Sá, diretor de desenvolvimento científico e tecnológico da FAPEPI.
Durante a solenidade de lançamento do Núcleo ocorreu o lançamento do estudo da Apex-Brasil: Piauí - Perfil e Oportunidades de Exportações e Investimentos 2020, documento produzido com exclusividade pela Apex-Brasil que traz o panorama geral da economia do estado e identifica o seu potencial exportador. O estudo busca contribuir para o processo de formulação da política exportadora do Piauí e fornecer insumos para os processos de tomada de decisão das empresas piauienses em suas estratégias de exportação.
Exportações
Com a análise de dados econômicos desde 2002 até 2018, a pesquisa destaca que o Piauí se tornou o quinto principal estado exportador em âmbito regional e o décimo oitavo em nível nacional. As exportações piauienses totalizaram US$ 706,1 milhões em 2018, tendo um crescimento de 77,9% em relação a 2017. Esse desempenho fez com que o estado passasse a representar 3,8% das exportações da Região Nordeste, bem como que o crescimento médio anual, no período 2015-2018, ficasse em 20,6%.
No período 2008-2018, as exportações do Piauí apresentaram constantes oscilações entre variações positivas e negativas. A maior variação negativa ocorreu em 2016, quando a queda foi de 56,5% em relação ao ano anterior. O maior crescimento, por outro lado, aconteceu em 2008, quando o valor exportado foi de US$ 136,9 milhões e a taxa de crescimento em relação ao ano anterior de 141,7%. Os países que mais contribuíram para o aumento das exportações piauienses foram China e Alemanha. Os dois países foram o destino de 85,2% das exportações estaduais em 2018.
A cidade de Uruçuí destaca-se como a maior exportadora do estado, sendo responsável por 34,3% das exportações em 2018. Os principais produtos exportados pelo município são: Soja, mesmo triturada, Tortas e outros resíduos sólidos da extração do óleo de soja e Algodão, não cardado nem penteado. Baixa Grande do Ribeiro é o segundo principal município exportador com 18,7% de participação no mercado nas exportações estaduais de 2018. O município concentra suas exportações em “Soja, mesmo triturada.” Os municípios subsequentes são 3º Bom Jesus, 4º Corrente, 5º Parnaíba (predominantemente com soja, mesmo triturada).
A mesorregião mais relevante em termos de valor exportado é a Sudoeste Piauiense, que totalizou US$ 240,6 milhões em 2018, representando 83,1% do total das exportações do estado. A alta concentração da mesorregião do Sudoeste Piauiense se explica pelo fato de ser composta quase que inteiramente por área de cerrado, parte da região conhecida como MATOPIBA, na qual se encontra uma importante fronteira de expansão do cultivo de soja no Brasil.
Nas cinco primeiras colocações, estão: “soja mesmo triturada”, “farelo de soja”, “gorduras e óleos vegetais”, “mel natural” e “demais produtos têxteis”. No que concerne ao principal subsetor, ou seja, “soja mesmo triturada”, as exportações totalizaram US$ 598,0 milhões, o que representou 84,7% das exportações totais do estado em 2018. Esse subsetor apresentou crescimento médio anual de 27,7% no período 2015-2018 e variação de 92,5% entre os anos de 2017 e 2018, o que indica aceleração na tendência de crescimento dos valores comercializados do produto.
Como já mencionado, observou-se que em 2018 o país mais relevante para as exportações piauienses foi a China, que importou cerca de US$ 561,4 milhões do estado, resultado que representou 79,5% do total exportado pelo Piauí. Destaca-se ainda o crescimento das exportações para a Alemanha, no período 2015-2018, de 72,3% ao ano, o maior entre os dez principais destinos das exportações do Piauí. Essa taxa acelerou para mais de 200,0% no último ano. Também foi registrada elevação superior a 200,0% em relação às exportações estaduais para a França. As porcentagens de países importadores são: China (79,5%), Alemanha (5,7%), Estados Unidos (3,9%), Tailândia (2,7%) e Japão (2,7%), conforme dados de 2018.
O produto mais relevante é “soja, mesmo triturada, exceto para semeadura”, do qual o estado exportou para o país asiático cerca de US$ 553,0 milhões no ano de 2018. Esse produto representa 98,5% da pauta exportadora piauiense para a China, tendo obtido um crescimento médio anual de 39,7% no período 2015-2018, e uma variação anual de 153,0% no período 2017-2018. Nota-se, portanto, que a pauta de exportações do Piauí para a China apresenta alta concentração em apenas um produto. Além disso, as elevadas taxas de crescimento, com aceleração nos anos mais recentes, permitem inferir que essa conjuntura pode indicar uma tendência de acentuação desse processo. Pode-se observar ainda que “Ceras vegetais, mesmo refinadas ou coradas (exceto triglicerídeos)” foi o segundo principal produto exportado do Piauí para a China. Contudo, as exportações do produto registraram retração média anual de 7,1% no período 2015-2018 e, entre os anos de 2017 e 2018, houve variação negativa de 1,8%. O estado exportou cerca de US$ 7,1 milhões do produto para a China, o que representou 1,3% das exportações totais piauienses para o país asiático.
O principal produto exportado pelo Piauí para a Alemanha é “tortas e outros resíduos sólidos da extração do óleo de soja”, tendo o estado exportado cerca de US$ 34,9 milhões para o país europeu em 2018, o que representa 87,1% dessa relação comercial. As exportações piauienses do produto iniciaram em 2017, com expressivo aumento em 2018, caracterizando uma variação superior a 200,0%.
Com base na metodologia empregada no estudo, destacam-se os cinco setores mais atrativos com potencial de exportação para o Piauí, considerando o conjunto dos critérios selecionados. Em primeiro lugar, está “fabricação de conservas de frutas, legumes e outros vegetais”, com parcela de 0,14% das exportações do Piauí, em 2018, seguido por “extração de pedra, areia e argila”, “fabricação de produtos químicos inorgânicos”, “aparelhamento de pedras e fabricação de outros produtos de minerais não metálicos” e “fabricação de estruturas metálicas e obras de caldeiraria pesada”.
Em termos de crescimento na quantidade de empresas, “fabricação de produtos químicos inorgânicos” é o setor que desperta a atenção com 12,2% de crescimento anual, no intervalo 2012-2018, embora sua representatividade no Piauí ainda seja pouco relevante, com menos de 0,01% de participação. Esse setor também se destaca no que concerne à ampliação do número de empregos formais, pois registrou a maior taxa de crescimento anual (15,3%). Por fim, o setor que concentra a maior parcela na massa salarial estadual (0,15%) é “fabricação de bebidas não alcoólicas”.
Serviços
Ao considerar o comércio exterior de serviços - que engloba, entre outros, os serviços relacionados aos bens, transportes, viagens e outros - o Brasil assumiu, em 2018, o posto de 36º maior exportador de serviços do mundo, conforme dados da UNCTAD. Em termos regionais, o Brasil é o maior exportador de serviços da América Latina desde 2006.
A economia do Piauí é composta predominantemente pelo setor de serviços (78,5%), seguido por indústria (12,1%) e agropecuária (9,4%). O Produto Interno Bruto (PIB) do Piauí de R$ 45,4 bilhões, com base em dados de 2017, os últimos disponibilizados pelo IBGE. Já o PIB em termos per capita foi estimado em R$ 14,1 mil, conforme dados do mesmo ano. No ranking dos principais estados exportadores de serviços, o Piauí está em sétimo lugar, em nível regional, e em vigésimo primeiro lugar, nacionalmente.
No que concerne aos principais destinos dos serviços exportados pelo Brasil, os Estados Unidos são o principal comprador dos serviços brasileiros. Em 2018, o país importou aproximadamente US$ 8,7 bilhões em serviços provenientes do Brasil, o que envolveu 6.252 vendedores brasileiros e representou 29,8% das exportações de serviços do Brasil. No ranking dos principais estados exportadores de serviços do Brasil, o Piauí está em vigésimo primeiro lugar, com valor exportado de US$ 1,3 milhões e parcela inferior a 0,01% do total exportado de serviços nacionais em 2018. O estado possui cinco empresas prestadoras de serviços ao exterior.
Observa-se que a participação do Piauí no valor exportado em serviços pela região Nordeste é de 0,35%, o que posiciona o estado na sétima colocação em âmbito regional. O principal estado exportador da região é Pernambuco, com 30,46% de participação no mercado e nas exportações de serviços da região em 2018. Os estados do Maranhão e da Bahia destacam se por também apresentarem participação regional superior a 20%.
Conforme instruções metodológicas do Ministério da Economia, quando há menos de três operadores por tipo de serviço, as informações são agrupadas a fim de assegurar o sigilo fiscal e comercial dos declarantes. Em 2018, cinco operadores do estado do Piauí registraram exportações de serviços, porém, em nível setorial, eles não foram categorizados, em virtude da já mencionada restrição para evitar a quebra de sigilo. Nesse sentido, as exportações de serviços registradas pelos estados de Piauí, Paraíba, Acre, Roraima, Tocantins e Rondônia foram agrupadas e classificadas como “Outros serviços”, somando 294 vendedores e um total exportado de aproximadamente US$ 95,0 milhões.
Entre os principais destinos dos serviços exportados pelo Piauí, estão os Estados Unidos, com 98,0% de participação no total das exportações de serviços do estado. Vale destacar que 18 prestadores de serviços do estado exportaram US$ 25,3 mil para outros países em 2018, mas, novamente, por motivo de sigilo, as informações não foram detalhadas.
Investidores
Os Estados Unidos são o maior investidor no país, com um valor investido de US$ 122,9 bilhões. O desempenho norte-americano representa 17,5% do total investido no país por não residentes, conforme dados de 2016, os últimos disponibilizados pelo Banco Central do Brasil. Desse valor, US$ 103,6 bilhões referem-se à participação no capital e os US$ 19,3 bilhões restantes são destinados às operações entre a matriz e a filial. Os países subsequentes são Países Baixos US$ 102 bilhões, 14,5% do total investido e Espanha, com 65,4 bilhões e 9,3% do valor investido.
Em termos de número de empresas investidoras no país, os Estados Unidos figuram na primeira colocação, com 3.432 empresas com investimento direto no Brasil, conforme dados de 2015, os últimos disponibilizados pelo Banco Central do Brasil. O país também registrou o maior incremento na quantidade de empresas investidoras entre 2010 e 2015, com o aumento de 541 novas empresas a realizarem investimentos no Brasil.
Quanto à distribuição do investimento estrangeiro no país por setores, a Indústria de Transformação é o principal setor para a atração dos investidores estrangeiros, como destino de 37,2% dos investimentos no país, seguido por Atividades financeiras, de seguros e serviços relacionados (27,5%).
Observa-se que o Piauí foi o oitavo estado mais representativo em termos de investimentos estrangeiros, com 3,5% de participação na Região Nordeste e 0,3% no Brasil. O estado da Bahia é o que possui maior participação na receita bruta regional, com 37,3% de representatividade na região e de 3,4% no Brasil.
No que se refere a capacidade de geração de empregos, o Piauí foi o nono estado da região que mais gerou empregos diretos relacionados ao investimento direto estrangeiro, com 2,3% de participação dos empregos gerados na região e de 0,3% no Brasil. Observa-se que houve uma redução de US$ 498,7 milhões na posição de investimentos no fim do período 2010-2015. Em 2015, os investimentos diretos na indústria estadual totalizaram US$ 510,7 milhões. O setor que mais recebeu investimentos foi o de Produtos Alimentícios, no valor de US$ 97,2 milhões em 2015.
O estudo destacou os investimentos greenfield anunciados por empresas no Piauí, de janeiro de 2013 a julho de 2019. Esse tipo de investimento caracteriza-se pela construção de novas plantas ou pela expansão de plantas já existentes para ampliação de sua capacidade produtiva. Nesse sentido, destaca-se que a principal empresa é a Enel Green Power SPA cujo investimento anunciado no período foi de US$ 377,2 milhões, o que representou 36,6% dessa categoria de investimentos no estado. A geração de empregos decorrentes é estimada em 292 novas vagas ou 23,9% da geração de empregos no estado piauiense provenientes de investimentos greenfield.
O principal país de origem dos investimentos greenfield anunciados para o Piauí, entre janeiro de 2013 e julho de 2019 é a Itália, que investiu US$ 927,2 milhões e gerou 876 empregos no período. O país representou 89,9% do total de investimentos anunciados para o Piauí no período e 71,7% do total de novos postos de trabalho gerados. Seguido pelos Estados Unidos com US$ 72,4 milhões, 7% do total de investimentos e 23,4% dos postos de trabalho gerados.
O principal município de destino dos investimentos do tipo greenfield anunciados para o Piauí, entre janeiro de 2013 e julho de 2019 é São Gonçalo do Gurguéia, para onde foram anunciados US$ 377,2 milhões e prevista a geração de 292 empregos no período. O município representou 36,6% do total de investimentos esperados para o Piauí no período e 21,7% do total de novos postos de trabalho gerados. Seguido por Ribeira do Piauí, com US$ 300,0 milhões, 29,1% do total de investimentos e previstos 292 empregos. Lagoa do Barro do Piauí vem em seguida com US$ 250 milhões, 24,2% de participação e previsão de 292 empregos.
Entre os investimentos brownfield anunciados por empresas no Piauí, entre janeiro de 2013 e julho de 2019, destaca-se que somente a empresa Devry INC. realizou investimentos, porém o valor não foi divulgado. Os investimentos dessa categoria são aqueles que envolvem a aquisição, por parte de uma empresa, de plantas industriais pertencentes a outras corporações (fusões e aquisições), sem resultar em aumento imediato de produção e de emprego no país receptor.
Assistidos pelo PEIEX
O representante da KEMPF, Alexandre Severo, destaca a participação da empresa no programa de exportação.
“O programa PEIEX dá um suporte. É a segurança que a empresa precisa para entrar em um mercado novo sabendo das boas novas e dos possíveis percalços que poderá enfrentar. Poder participar deste programa, deu para a KEMPF o embasamento necessário, sem medo, para iniciar o processo de exportação com argumentos fortes e planejamento seguro. Todas as dúvidas que surgiram durante o programa foram sanadas! É bom saber que podemos contar com o programa no decorrer desta caminhada, que será árdua e de grandes conquistas. Em 2020 fizemos nossa inscrição para a Missão Portugal. Ela em si, já traz no nome um peso de responsabilidade e de compromisso com o crescimento econômico do Piauí e do nosso próprio país, Brasil. Levamos a fundo a missão de entrar em outro mercado e levar os produtos de qualidades equivalentes ou até superiores, e mostrar ao mundo que somos potencialmente capazes de concorrer comercialmente com o mundo todo. A KEMPF está preparada para tudo, e estes programas foram de fundamental importância ao dar todo o apoio necessário”.
“A COMAPI é uma cooperativa que exporta a muitos anos, desenvolve um trabalho social muito forte junto a pequenos produtores rurais que produzem mel de excelente qualidade, acreditado por certificações internacionais. O PEIEX veio para dar o suporte necessário na busca de um novo status, frente às grandes mudanças ocorridas em uma era de informações rápidas e processos enxutos. A COMAPI teve a oportunidade de participar da maior feira de orgânicos do mundo, a Biofach 2020, ocorrida na Alemanha, proporcionado pela APEX/MAPA. Com muita alegria fomos selecionados novamente, por meio de edital, a participar da Biofach 2021, desta vez muito mais preparados, graças a competência da equipe PEIEX. Gratidão pela oportunidade”, afirma Sérgio Viana, diretor da Comapi.
Atualmente, existem 55 empresas formalmente cadastradas como exportadoras no estado, agora por conta do PEIEX, 50 novas empresas também poderão disputar esse mercado, praticamente dobrando o número atual de empresas exportadoras. Isso vai impactar pequenas, médias e grandes empresas locais que têm seus produtos produzidos localmente, e que agora terão capacidade para exportar através do fomento gerado a partir do Programa.
“O PEIEX é uma estratégia fundamental para qualificar empresas visando suprir mercados e a FAPEPI estabeleceu parceria com a Apex-Brasil com o objetivo de dar o suporte para as empresas piauienses no fortalecimento da sua competitividade”, finaliza Rizalva Cardoso, coordenadora do PEIEX - Piauí.∎
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