A opala de Pedro II é conhecida pelo brilho intenso e pela variedade de cores que exibe — mas o que pouca gente sabe é que essa beleza toda vem de uma estrutura interna minúscula e altamente organizada. Para mostrar isso, cientistas da Universidade Federal do Pará (UFPA) usaram um microscópio eletrônico de varredura (MEV) para observar a opala com um aumento de 25 mil vezes. O que viram foi surpreendente.
Dentro da pedra, há milhões de esferas microscópicas de sílica, todas superorganizadas e dispostas de forma extremamente regular. Essas esferas formam padrões chamados de empacotamento hexagonal e cúbico. Esse arranjo é tão perfeito que funciona como uma rede de difração natural — ou seja, quando a luz entra na opala, ela se espalha entre as esferas e se transforma num verdadeiro arco-íris visível na superfície da pedra.
A imagem obtida revela com clareza essa estrutura. Cada esfera tem entre 222 e 329 nanômetros de diâmetro, uma medida tão pequena que caberiam dezenas de milhares delas na espessura de um fio de cabelo. A forma como estão organizadas interfere diretamente nas cores que enxergamos — quanto mais regular o empacotamento, mais intensa e variada é a coloração da opala.
Esse tipo de estrutura não é comum e é uma das razões pelas quais a opala de Pedro II é considerada uma das melhores do mundo para joalheria. A imagem foi publicada no artigo científico “As opalas de Pedro II e Buriti dos Montes, Piauí”, de Érico Rodrigues Gomes (IFPI), Marcondes Lima da Costa e Gisele Tavares Marques (UFPA), na Revista da Academia de Ciências do Piauí, v. 3, n. 3 (2022).
A fotografia em destaque foi cedida pela geóloga Gisele Tavares Marques e produzida no Laboratório de Microanálises do Instituto de Geociências da UFPA, com uso do microscópio eletrônico MEV Sigma-VP, equipamento vinculado ao Instituto Tecnológico Vale (ITV). ∎