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A população precisa defender a Ciência

Professor acredita que há dificuldade em fazer pesquisadores se ocuparem com Popularização e avalia a fundo o fazer científico no momento atual do Brasil

Professor João Xavier, Pró-Reitor de Pesquisa da UFPI.
Professor João Xavier, Pró-Reitor de Pesquisa da UFPI.

Não é de hoje que a Ciência tem o desafio de se aproximar da sociedade, revelando-se como origem das mais diferentes tecnologias e inovações que dispomos na comodidade da nossa vida moderna. Um desafio mesmo; é como pensa o doutor em Engenharia de Sistemas e Computação pela Universidade Federal do Rio de Janeiro e pós-doutor no Georgia Institute of Technology, professor titular do Departamento de Matemática e pró-reitor de Pesquisa e Inovação da Universidade Federal do Piauí (UFPI), João Xavier da Cruz Neto.


Com um cenário atual controverso, a produção da ciência, bem como sua popularização devem ser protagonizadas cada vez mais, é o que defende Xavier. O pesquisador acredita que o primeiro passo é convencer os jovens a ingressar na carreira científica e conseguir fazer com que a população veja a ciência no seu cotidiano, garantindo reconhecimento de sua importância e a necessidade de defender investimentos que sustentem as pesquisas.


Ele argumenta que parte da culpa também é do pesquisador, que ainda não conseguiu saltar para além dos muros das universidades, e defende que há um árduo trabalho que deve ser feito por profissionais da Comunicação para que a Ciência seja, de fato, popularizada. Criticando cortes, Xavier aponta caminhos através das Fundações de Amparo à Pesquisa dos estados e investimentos em Olimpíadas de Conhecimento, que, como ele defende, dá condições para que alunos consigam garantir sucesso profissional no futuro.


A UFPI tem evoluído muito no campo da pesquisa. Quais as estratégias deste desenvolvimento?

O que alimenta os cursos de pós-graduação são as pesquisas realizadas pelo seu corpo docente. Hoje nós temos 73 programas de mestrado e doutorado, mas para se ter um doutorado, por exemplo, de matemática, a Capes [Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior] só autoriza e reconhece o diploma se ele tiver um conceito no mínimo quatro. Para ser um programa de conceito quatro o corpo docente tem que estar muito envolvido na produção. De quatro em quatro anos a Capes faz uma avaliação de todos os programas. A última foi em 2016, da qual participei no comitê da matemática.


O que fez essa evolução na qualidade da pesquisa foram também políticas implantadas desta gestão; por exemplo, o número de programas que temos, é consequência da produção dos pesquisadores. Basicamente quando você faz uma pesquisa, busca atingir dois objetivos: a qualidade e a abrangência. A qualidade é uma característica que será avaliada pelos seus pares. Por exemplo: eu faço um artigo, ele é de qualidade, significa que eu estou respondendo problemas importantes da área que eu me dedico, problemas históricos. E a abrangência é se ele tem impacto na sociedade, se passa pela Tecnologia e Inovação. Então, basicamente, se mede a qualidade quando você publica seu artigo em uma boa revista, de Qualis A1, por exemplo, então seus pares reconhecem a relevância. A abrangência é avaliada depois, primeiro é a qualidade, sob juízo dos seus pares.


O que considera de mais relevante na produção de Pesquisas hoje na UFPI?

Têm grupos, grupos de doutorado com conceito quatro, em que a produção científica tem que ser muito boa. Estudos sobre doenças negligenciadas e outros diversos, citando um exemplo para ilustrar o cenário enorme e como estamos inseridos no país. Eu considero que nossa Universidade, com apenas 48 anos, está crescendo numa velocidade enorme. Infelizmente esse momento é de crise, em que a Capes, que é a principal financiadora de bolsas, está sob ameaça.


É importante a bolsa, de mestrado, de doutorado, todas, porque ela mantém as pessoas nos seus laboratórios fazendo pesquisas; quando corta a bolsa, a pesquisa para. Quando se esvazia o recurso do CNPq [Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico] falta dinheiro para comprar os reagentes, e o que mais for necessário para realizar a pesquisa. Depois você tem que ir a congressos, eventos internacionais, para levar à comunidade suas descobertas. Faltando recurso para tudo isso atrapalha muito. Quando a Finep [Financiadora de Estudos e Projetos] trabalha com um orçamento de 5 bilhões de reais e só executa um bilhão, isso afeta a pesquisa no Brasil.


No meio dessa crise, como vê o papel das Fundações de Amparo à Pesquisa (FAPs)?

Então qual a importância das FAPs: veja o exemplo da Fapesp, de São Paulo, se lermos os boletins deles, não parece que há crise. Há bolsas e pesquisas sendo realizadas – muitas bolsas, muitos editais. Então é importante que os governos estaduais percebam a importância que as Fundações têm para o desenvolvimento da Ciência do Estado. Principalmente quando o Governo Federal não reconhece a produção do conhecimento, ou acha que essa produção só pode ser feita em alguns lugares da federação ou em algumas áreas. Aí entra o gestor estadual para dizer: o melhoramento genético da caprinocultura pode não ser importante para São Paulo, mas é para o Piauí.


Eu sei que há ações da Fapepi, por exemplo, no sentido que as bolsas de iniciação científica da OBMEP, que o CNPq não vai mais implementar, sejam continuadas, absorvendo o valor pelo Governo do Estado. Nós tivemos mais de 600 bolsas aqui na UFPI canceladas, se nosso estado tivesse recurso para manter essas bolsas, nenhuma pesquisa ficaria parada. E bolsa é um recurso que fica no estado, investido aqui.


Há a possibilidade sendo discutida de fusão da Capes, CNPq e Finep. Como você vê esse cenário?

A construção desse sistema completou sessenta anos, digamos que ele tenha problemas, que há equívocos nessa construção, mas não resta dúvida que o sistema nacional de pós-graduação, que é um dos melhores do mundo, se deve à Capes. A produção de ciência no Brasil, com áreas em que estamos no topo, se deve ao CNPq.


Quando se fala em extinguir Finep, que gerencia o Fundo Nacional de Desenvolvimento da Ciência e Tecnologia, passando a ser gerenciado pelo BNDES, isto esvazia a Finep. Quando você coloca cada mecanismo deste em um lugar só, faltará recurso para algumas das finalidades. Não acredito em dinheiro novo. Vai juntar tudo dentro da Capes, da Finep, do CNPq, e certamente os objetivos específicos não serão preservados. Então vemos com muita preocupação essa possibilidade de fusão, ou extinção. Na verdade o que se fala é que se quer fundir, mas a ideia é de extinção.


Quais os principais reflexos já notórios disso?

Para ilustrar, na área de matemática, só no IMPA, nós perdemos sete grandes pesquisadores que foram para o exterior. Na Universidade Federal do Ceará, talvez o principal nome que tinha na matemática, foi trabalhar nos Estados Unidos. E aí você tem notícias da Unicamp, da Federal de São Carlos, perdendo seus pesquisadores. Pesquisadores que estão com bolsas fazendo suas pesquisas no exterior com a dúvida se voltam ou não para o Brasil. Isso já está acontecendo.


E como fazer uma ciência que impacte a sociedade em meio a este cenário?

É um grande desafio, afinal, não se faz ciência sem recursos. Você primeiro tem que convencer os jovens a ingressar na carreira acadêmica, científica. Principalmente nas ciências experimentais você tem que ter equipamentos de ponta para realizar pesquisas que tenham impacto no mundo.


Há um supercomputador que é capaz de fazer bilhões de cálculos por segundo, em Petrópolis, no Rio, no Laboratório Nacional de Ciência da Computação, que só o gasto de energia para ele funcionar é de quinhentos mil reais. Mas é um supercomputador que só existe três ou quatro no mundo, um esforço enorme, que atende várias pesquisas do Brasil inteiro, mas que pode ficar parado porque não há o recurso para energia. Não vejo fazer ciência de alto impacto sem investimento do Estado. O setor produtivo investe ainda muito pouco.


Como é a distribuição de doutores no Brasil e como isso reflete na produção científica?

A relação é que a cada 100 mil habitantes haja um doutor. O Brasil fica longe dessa meta, mas tem áreas que têm muitos doutores e outras que estão muito aquém da necessidade. Sem citar a área, houve uma comissão de concurso aqui na UFPI que haviam cinquenta doutores para uma vaga, candidatos do Brasil inteiro. Enquanto que para outra vaga, em outra área, não tivemos nenhum doutor inscrito.


O que nós precisamos é adequar espaços de trabalhos para esses doutores. Nos Estados Unidos, as empresas de grande e médio porte têm um doutor em matemática. Eu acho que não temos muitos doutores, mas que os setores produtivos devem gerar postos de trabalhos para eles. Há a concentração de doutores, que ainda é um problema. No Sul e Sudeste, essa relação de um doutor para cada 100 mil habitantes é satisfeita. Mas se você pega Nordeste e Norte, estão longe de terem essa relação.


Como você vê a possibilidade de destinar recurso apenas aos cursos de pós-graduação com maiores conceitos?

É um outro problema que eu vejo essa proposta de financiar os cursos com maiores conceitos. Temos que ver o seguinte, há cursos de pós-graduação com mais de quarenta anos de produção, e o nosso curso mais antigo não tem mais de vinte anos. Não é justo distribuir recursos dessa forma, investindo em quem já tem muitos anos de investimentos e barrar o financiamento daqueles que estão começando.


Qual o papel da popularização da Ciência hoje no Brasil?

São importantíssimas as ações que têm como finalidade popularizar a Ciência. Porque a sociedade tem que reconhecer o que nós fazemos, que tudo que tem hoje que faz a vida dela mais fácil, vem da ciência. São dois fatos importantes: um é atingir uma população da educação básica, fazendo eles perceberem que há uma carreira acadêmica, científica e que fazer ciência é importante para o mundo, é fundamental.


Por outro lado, ao atingir o aluno, ele leva essa conscientização para a sua casa. Ele leva para o pai que o controle remoto que ele usa é um conhecimento que nasceu da pesquisa científica, da inovação. Essa conscientização da população faz com que ela mesma faça a defesa da ciência. Se um presidente americano decidir que vai diminuir o orçamento da NASA, o povo americano responde a isso, porque sabe da importância da NASA para o país e para o mundo.


Você acha que falta muito no Brasil a percepção da população acerca da importância da ciência?

Exatamente. Tem uma história que um famoso matemático resolveu explicar para sua mãe a natureza de suas atividades. Depois de ter ouvido atentamente as explicações do filho, a boa senhora teria dito: "Acho que agora entendi o que você faz; mas diga-me uma coisa, por que pagam você para isso?". Isso resume a ignorância das pessoas não saberem a importância. O Einstein fez tantas previsões sobre o Universo que até hoje tem pessoas validando o que ele havia previsto em cálculos matemáticos que fez ainda na juventude.


É importante que a sociedade reconheça o valor que tem a ciência. Se não fosse descoberta a vacina para Varíola, por exemplo, praticamente a humanidade teria sido dizimada. São grandes descobertas em todas as áreas, que fazem com que a nossa espécie, que também está se autodestruindo, tenha condições para sobreviver. A população tem que entender isso, até para que possa defender a ciência e os recursos destinados às pesquisas.


Como as Instituições Públicas de Ensino Superior (IPES) devem trabalhar para que suas pesquisas sejam popularizadas?

Nós pecamos muito na divulgação. Na verdade, quem produz ciência não se preocupa muito se as pessoas vão entender o que ele faz. É o erro crasso que a gente comete. Um físico, um matemático, um ganhador de Nobel em medicina, eles não se preocupam em desenvolver uma linguagem que chegue mais próximo da população. Esse desprezo por fazer essa ação junto à sociedade faz com que a gente leve cada vez mais pancadas. Se fala em fechar universidades e você não vê a população fazendo movimentos para impedir isso. Esse é um erro que nós cometemos.


Hoje há o jornalismo científico que exerce um papel fundamental. Ele escuta o pesquisador, entende sua pesquisa, e consegue escrever numa linguagem mais próxima da sociedade o que aquele cientista faz. Para exemplificar, Fermat foi um matemático do século XVII, e ele inventava problemas, muitos ele resolveu, outros não. Um deles é conhecido como Último Teorema de Fermat. Levou mais de 300 anos para realmente chegar a uma solução definitiva da proposta que Fermat fez. Não vou dizer qual o problema, pois não compete. O matemático que resolveu esse problema conseguiu juntar tudo, desde Fermat até final do século XX, quando ele o resolveu, juntando toda a matemática que as pessoas tinham desenvolvido para tentativa. Ele conseguiu juntar todas as engrenagens, cada uma tinha uma tentativa separada e resolveu o problema. Explicar isso para a população, impossível. E aí um jornalista científico, resolve escrever um livro que consegue descrever passagens matemáticas, que mesmo para nós que somos treinados, temos uma séria dificuldade de falar sobre aquilo, em que explica toda essa história de maneira brilhante.


Há uma tentativa de atrair mais a população para essas questões com a Semana Nacional da Ciência e Tecnologia e com o Dia C da Ciência. Como você enxerga essas ações?

Nós estamos há três anos fazendo um movimento que envolve todas as instituições de ensino e pesquisa do estado. Tem a Semana Nacional de Ciência e Tecnologia, que sempre é a terceira semana do mês de outubro, e nós conseguimos fazer um trabalho que envolve a Universidade Federal do Piauí, a Universidade Estadual do Piauí, o Instituto Federal do Piauí, a Embrapa, a FIOCruz e Fapepi, conseguindo fazer acontecer o evento no Piauí durante este período, e principalmente no Dia C, a quarta-feira da Semana Nacional. Temos que fazer isso para a Ciência ir fora dos muros das universidades. E já conseguimos ir em mais de 30 municípios.


Nós vimos uma crescente na última edição, que foi na Praça Rio Branco, onde tivemos um público enorme, as pessoas iam lá, viam as novidades ou as máquinas e impressoras 3D, os vários experimentos. Ficavam encantados. Tínhamos, por exemplo, uma horta que o Colégio Técnico de Teresina levou para expor. Eu vi o depoimento de um senhor, que inclusive falou em um canal de televisão, dizendo: “Olha, eu consegui entender agora como é que eu posso fazer uma horta orgânica lá na minha casa, no pequeno espaço que eu tenho!”. Isso é muito importante.


Mas existe uma resistência enorme de convencer nossos colegas a saírem do muro da universidade, aquele problema que já apontei há pouco, muitos deles dizem: “Que isso! Você vai pra aquele calor lá na praça. Passar um dia lá, isso é um absurdo!”. Ele não vê que se nós tivéssemos um apoio consciente da sociedade, ela hoje brigaria conosco sobre os cortes que nós estamos sofrendo. Você não vê a população dizer que é errado cortar bolsa de mestrado, doutorado, pós-doutorado. Não, a população não se manifesta, não tem consciência do que se pode fazer com esses recursos.


Você já foi coordenador de olimpíadas nacionais de matemática. Como foram essas experiências?

Vamos começar pela mais antiga, a Olimpíada Brasileira de Matemática (OBM). A OBM é planejada e executada pela Sociedade Brasileira de Matemática (SBM). Como os recursos são poucos, o comitê organizador não consegue reproduzir a prova e quem fica responsável por reproduzir são as escolas. Então, isso faz com que as escolas públicas não consigam participar. Então fica ainda muito nas escolas particulares, da rede privada. Mas em 2005, a Olimpíada Brasileira de Matemática das Escolas Públicas (OBMEP) começou, quando já tinha modelos funcionando aqui no estado do Piauí e no estado do Ceará.


Foi uma junção da experiência já existente, principalmente no Ceará, que é anterior a nossa mas, juntamente com a nossa, que deu o modelo da prova da OBMEP, que inicialmente era apenas uma prova para descobrir talentos, desmistificar uma matéria considerada enjoada. Então as questões são bem elaboradas, baseadas em livros do Monteiro Lobato, muito bem contextualizadas, ela veio e teve um impacto muito grande.


Um grande problema que nós tivemos no início é que os professores de matemática ficavam receosos de eles próprios não saberem responder às questões. No Brasil todo teve esse problema. Particularmente, aqui no piauí, nós andamos em vários municípios, fazendo reuniões, mostrando que antes do aluno realizar a prova, nós iríamos mandar as soluções para o professor, para que ele não ficasse preocupado com as respostas, isso na primeira fase. Rapidamente nós chegamos a 18 milhões de inscritos. No começo, nós fazíamos um trabalho muito forte, junto às escolas, com ajuda das secretarias estadual e municipais de educação, para que as escolas fossem inscritas, inscrevendo automaticamente todos os seus alunos.


O que você enumera como impacto destas olimpíadas?

Elas têm revelado muitos talentos, não só para a Matemática, porque o objetivo não é formar só matemáticos, nós queremos formar profissionais que tenham bom conhecimento em Matemática. Então, nós já temos jornalistas que conhecem bem a Matemática, temos médicos, engenheiros… Acho que todas as profissões se beneficiam dessas olimpíadas de conhecimento, como a OBMEP.


Tem um depoimento recente que eu acho muito interessante: a Tábata Amaral disse que quem abriu o mundo para ela foi a OBMEP, porque ela se saiu muito bem, ganhou medalha de ouro numa edição e um colégio muito conhecido de São Paulo ofereceu uma bolsa e condições para ela estudar. Ela acabou indo estudar nos Estados Unidos e tudo mudou na vida dela.


E temos as outras olimpíadas. A de Química, que é uma olimpíada também muito tradicional e há 18 anos é liderada pelo nosso reitor, o professor José Arimatéia Dantas Lopes, que é o chefe da comissão e sempre tá viajando duas ou três vezes ao ano com alunos para participar das competições internacionais. E agora temos a Olimpíada Nacional de Ciências (ONC) que é uma olimpíada que o Ministério de Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC), convidou a Universidade Federal do Piauí para ser a instituição que vai preparar a prova e a logística de aplicação no Brasil. Isso é uma coisa que demonstra claramente o destaque que nós temos, é um reconhecimento dado pelo MCTIC da nossa tradição com olimpíadas. Para se ter uma ideia, neste ano de 2019, tivemos 1 milhão e 800 mil inscritos na ONC em todas as unidades da federação. Tivemos escolas inscritas em cerca de 2.400 municípios, além de uma escola no japão. A UFPI está saindo dos muros, saindo do estado e sendo conhecida em todas as unidades da federação através dessa Olimpíada.


Há também pela UFPI a Olimpíada Piauiense de Matemática (OPIM). Como está o desenvolvimento dela?

A Olimpíada Piauiense de Matemática já ocorreu há alguns anos, organizada pelo professor João Benício (in memorian), que faleceu precocemente. Mas nós temos um grupo de professores jovens no departamento de Matemática que resolveu retomar e deu o nome de OPIM. Qual é o objetivo dela? É ficar entre a OBMEP e a OBM. Nela as questões são um pouco mais elaboradas, requer um pouco mais de energia dos alunos para resolver, mas fica um pouco abaixo, claro, da OBM. Ela é um sucesso. Posso citar os professores João Carlos e Ítalo, daqui do departamento de matemática, e o professor Pedro Jorge, da Universidade Federal Delta do Parnaíba.


Está sendo feito um excelente trabalho, existe procura tanto das escolas da rede pública quanto da rede privada. A demanda está indo bem, assim, como nós temos pouco dinheiro, conseguimos recursos da Fapepi e um pouco do CNPq. A tendência da OPIM é crescer muito. Além disso, já estão sendo planejadas a segunda fase da prova e também a edição de 2020.


O que o professor Amaral, que está presidente da Fapepi, tem nos falado é que está trabalhando para que, no mais breve possível, possamos ter um programa de bolsas de iniciação científica ligada aos premiados da OPIM. Aí sim, dará um salto não só de qualidade, mas de consolidação dessa olimpíada.


O que é crucial em benefício de alunos que participam de olimpíadas como estas?

Quanto mais horas de resolução de exercícios em uma olimpíada de conhecimento o aluno tem, mais chance ele vai ter de sucesso na carreira que ele resolver seguir, porque sabe resolver problemas. A disciplina e o fato de pegar um menino do nono ano e passar quatro horas tentando resolver uma questão, um problema de matemática, de física ou de química, é um treinamento que nenhuma escola consegue fazer. Só a competição mesmo, no sentido saudável do termo, consegue. Dando o desafio.


O mestrado profissional em Matemática (ProfMat) surgiu no contexto das olimpíadas?

Quando houve a resistência dos professores para a aplicação da OBMEP, a Sociedade Brasileira de Matemática, reconhecendo essa dificuldade de os professores não terem a formação apropriada para resolução deste tipo de problemas, criou o Mestrado Profissional em Matemática, o ProfMat. Ele surgiu em 2011, quando a Universidade Federal do Piauí foi uma das pioneiras, que é em rede e com conceito cinco, que é o maior estabelecido pela Capes. Hoje são mais de 120 polos. Só o polo de Teresina já formou 119 mestres. E uma coisa interessante é que os concursos para a rede federal de ensino na área de matemática, quase cem por cento das vagas são ocupadas por egressos do ProfMat.

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